Palestra
Introdução
O foco dessa lição são os profetas de Israel, ou, mais precisamente, os profetas literários de Israel. Elias e Eliseu, dois dos mais famosos, não escreveram suas mensagens. Eles representam os muitos outros profetas, cujos sermões não estão registrados, mas que foram fiéis a Deus em seu ministério.
O início do ofício profético
O ofício profético foi instituído nos tempos de Moisés e se encontra registrado em Deuteronômio 18.18-19, em que Deus diz a Moisés: “Suscitar-lhes-ei um profeta do meio de seus irmãos, semelhante a ti, em cuja boca porei as minhas palavras, e ele lhes falará tudo o que eu lhe ordenar” (ARA). Alguns pontos importantes sobre o ministério profético e esses homens e mulheres incríveis irão esclarecer a sua missão.
Primeiro, foi Deus quem ordenou o ofício profético. Ele disse: “Suscitar-lhes-ei um profeta.”
Segundo, Deus foi a fonte das mensagens dos profetas: Eu vou colocar as minhas palavras “em sua boca.”
Terceiro, Deus disse: “ele lhes falará tudo o que eu lhe ordenar.” O profeta tinha que proclamar tudo o que Deus dizia—tanto as coisas boas, quanto as ruins.
Quarto, o profeta falava com a autoridade de Deus. Deus alertou: “Se alguém não ouvir as minhas palavras, que o profeta falará em meu nome, eu mesmo lhe pedirei contas.” Deus assegurou aos profetas que eles eram os Seus profetas. Eles falavam por Deus, e aqueles que ouviram e leram as suas proclamações seriam cobrados por Deus em Pessoa pelo que eles diziam. Os versículos 20–22 advertem que qualquer falso profeta que proclamasse a mensagem que não fosse de Deus, morreria. O ministério profético do AT era um negócio sério, e esses homens e mulheres tinham um papel imenso na história de Israel.
Os tempos e localização dos profetas
Há dezesseis livros proféticos no AT. O livro de Lamentações é muitas vezes listado junto com os profetas e, com isso, o número sobe para dezessete. Os profetas proferiram suas mensagens para pessoas diferentes em diferentes lugares; e para entender a mensagem de um profeta, temos que entender para quem ele está falando. A temática da mensagem de um profeta emergia a partir da sua cultura. Quando eles viam alguma coisa que lhes dizia respeito acontecendo em meio ao povo, eles se dirigiam a Deus e Ele lhes passava uma mensagem para guiar aquelas pessoas naquela situação. Mais frequentemente as suas mensagens começavam com “A palavra de Deus veio a”, e o profeta se autointitulava como o porta-voz de Deus. A palavra que Deus dava ao profeta se remetia a alguma coisa nas circunstâncias imediatas do mesmo. Eis porque temos que entender a cultura ou a situação a que um profeta estava se remetendo, antes de podermos compreender sua mensagem.
Na verdade, quero persuadi-lo a ter uma boa Bíblia de estudo, numa tradução que você desejar. Você verá as palavras “Bíblia de estudo” já no título. Nomes como a Bíblia brasileira de estudo (BBE), Bíblia de estudo nova tradução na linguagem de hoje (NTLH), Bíblia de estudo Wiersbe NVI, Bíblia de estudo para pequenos grupos, e outros irão lhe fornecer o contexto histórico para o qual os profetas falaram.
Seis grupos de profetas
Dividimos os profetas literários em seis grupos. Três profetas escreveram para ou sobre os gentios. Jonas falou para a cidade de Nínive, que foi a capital da Assíria. Obadias e Naum falaram para Israel, mas suas mensagens eram sobre Edom e Nínive. Joel, Amós e Oseias ministraram para a nação do norte, que é Israel. Seis dos profetas—Isaías, Joel, Sofonias, Jeremias, Miqueias e Habacuque—serviram à nação do sul, que é Judá. Ezequiel e Daniel tiveram seus ministérios na Babilônia ao longo do exílio de Judá; e Ageu, Zacarias e Malaquias proclamaram as suas mensagens para o povo de Judá depois que eles retornaram do exílio no período de reconstrução.
Compreender quando e para quem cada profeta proclamou a sua mensagem é absolutamente essencial. Por exemplo, se você não entender que Ageu estava encorajando os exilados retornados de Judá a reconstruir o templo de Deus depois da destruição, suas mensagens não farão sentido. Assim, antes de lermos qualquer um dos livros proféticos, temos que entender, para quem um profeta escreveu e o período de tempo em que ele o fez.
O ministério duplo dos profetas
Os profetas muitas vezes pregavam com um foco duplo. Suas mensagens ocasionalmente incluíam eventos que estavam para ocorrer no futuro. Mas a sua mensagem essencial se remetia às circunstâncias dos seus próprios tempos. Quando os profetas anunciavam eventos que ainda estavam para acontecer, suas profecias estavam no aguardo do seu devido tempo, mas a maioria daquelas mensagens pertencem à história para nós. Eles advertiam o povo de Israel ou Judá que Deus iria julgá-los por sua desobediência, e muitas vezes esses julgamentos futuros eram especificados com nomes e tempos determinados. Por exemplo, Jeremias alertou Judá de que Deus iria usar os babilônios para julgá-los. Mas ele também anunciou que, depois de setenta anos, Deus libertaria os judeus e os faria retornar para a sua terra. Para Jeremias e seus ouvintes, aqueles eventos se encontravam no futuro de Judá e ambos os eventos ocorreram. Mas lemos as projeções futuras de Jeremias como relatos históricos porque, da nossa perspectiva, os eventos ocorreram há vinte e cinco anos.
Uma abordagem mais detalhada dos profetas
Sua cronologia
Uma breve pesquisa de alguns profetas nos ajudará a tornar o ministério profético um pouco mais claro. O fato de estarmos estudando o AT cronologicamente e reconstituindo tudo ao redor de sua história irá nos ajudar a estudar os profetas da mesma forma. Infelizmente, não temos tempo para contar todas as suas histórias, mas é importante que ao menos as situemos em seu contexto cronológico adequado. Há dezesseis profetas literários e, enquanto alguns são difíceis de datar com precisão, essa é a ordem usual em que eles viveram. Os profetas do século VIII a.C. foram Jonas, Amós, Obadias, Oseias, Isaías e Miqueias. Os profetas Isaías, Sofonias, Habacuque, Jeremias, Joel e Naum ministraram no século VII.
Ezequiel e Daniel viveram ao longo do exílio de Judá, no século VI, e, em seguida, Ageu, Zacarias e Malaquias ministraram aos regressados do exílio, também no século VI.
Profetas maiores e menores
Há duas categorias de profetas literários. Os profetas maiores são Isaías, Jeremias, Ezequiel e Daniel. Os outros doze são referidos como profetas menores, porque os seus livros são mais curtos.
As mensagens dos profetas
Amós e a injustiça
Uma breve olhada em alguns dos profetas literários de Deus nos dará uma melhor percepção de como foi o ministério profético. Amós profetizou para a nação do norte de Israel no século VIII a.C. Amós era um fazendeiro em Judá, quando Deus o chamou para ir a Israel e pregar contra a sua injustiça social absurda. Os pobres ficavam famintos, enquanto outros em Israel viviam na ostentação. Amós pregou contra um dos dois grandes pecados pelos quais Deus estava para julgar Israel.
Oseias e a idolatria
Oseias também ministrou para Israel no século VIII a.C. Ele essencialmente os alertou quanto à sua idolatria. A história de Oseias é profundamente comovente. Deus pediu que ele se engajasse num casamento desastroso com uma mulher infiel e depois usou o seu casamento fracassado como ilustração da infidelidade de Israel para com Deus. O coração quebrado de Oseias e o perdão e restauração de sua esposa demonstra, em detalhe gráfico, como Deus encarava o adultério de Israel e a Sua disposição de amar, perdoar e restaurar Israel. Esse tipo de encenação da mensagem de Deus não era raro. Ele pediu para Isaías e Ezequiel fazerem coisas muito estranhas, a fim de mostrar a Israel e Judá, como Ele encarava os seus pecados.
Isaías e seus reis
Isaías muitas vezes é chamado de o príncipe dos profetas literários, por causa dos seus escritos majestosos. Enquanto a maioria dos profetas pregava as suas mensagens para o povo de Israel ou Judá, Isaías era mais uma espécie de conselheiro dos reis de Judá. Suas visitas frequentes aos reis Acaz e Ezequias estão ambas registradas em 2 Reis e no próprio livro de Isaías. Os seus escritos são uns dos mais belos jamais escritos na literatura. Ele viveu em Jerusalém em tempos tumultuados, tanto para Israel, quanto para Judá, e suas mensagens estavam endereçadas a ambas as nações. Ele viveu na época em que os assírios destruíram Israel, em 722 a.C.
Habacuque e sua frustração
Habacuque viveu por volta de 600 a.C. Ele se queixou diante de Deus, porque Ele parecia ignorar a injustiça e idolatria que o profeta via em Judá. Habacuque estava inquieto com a aparente apatia de Deus em relação ao pecado do Seu povo e o desafiou a fazer alguma coisa. Deus disse a Habacuque que Ele iria usar os babilônios para destruir Jerusalém, como juízo contra a nação desobediente. Habacuque ficou perplexo e desafiou Deus de novo. Sua resposta chocada foi: “Judá é ruim, mas a Babilônia é pior do que nós somos.”
Habacuque ilustra o fato de que muitas vezes os profetas não concordam com Deus e acham algumas de Suas mensagens problemáticas. Mas eles eram profetas. Eles podiam questionar e desafiar a palavra que Deus dava a eles, mas eles as proclamavam de qualquer jeito, porque eram mensageiros de Deus.
Jeremias, o profeta chorão
Jeremias viveu todo o fim da destruição de Judá e foi testemunha do saque do templo de Deus da parte dos babilônios. Os últimos três reis de Judá perseguiram Jeremias, porque ele os havia confrontado quanto ao seu pecado e os alertado quanto às suas consequências. Ao invés de dar ouvidos a Jeremias, eles o jogaram na prisão e queimaram os rolos em que ele havia escrito a mensagem de Deus. O rei Zedequias até mesmo o jogou em uma cisterna, onde foi abandonado para morrer. Mas Jeremias nunca parou de proclamar as palavras de Deus para o Seu povo. Ele era um profeta e era isso que os profetas faziam.
Ezequiel e os exilados
Ezequiel viveu nos tempos de Jeremias. Ele foi levado ao cativeiro, na segunda deportação dos cidadãos de Judá por parte de Nabucodonosor para a Babilônia, no ano de 597 a.C. Assim, embora ele e Jeremias tivessem sido contemporâneos, Ezequiel estava vivendo na Babilônia e era o profeta de Deus junto aos primeiros exilados, enquanto Jeremias profetizava para os cidadãos de Judá que ainda viviam naquela cidade.
Daniel e a corte real
Daniel era um estadista que servia aos governantes babilônios e persas. Ele também viveu na Babilônia. Foi levado para lá depois da primeira invasão de Jerusalém por parte de Nabucodonosor, em 605 a.C. Não foi um profeta no sentido tradicional do termo. Não pregou para o povo de Israel ou Judá, mas teve a oportunidade de falar de Deus nos palácios babilónio e persa. Daniel está listado entre os profetas, porque os capítulos de 9 a 12 do seu livro contêm algumas das descrições proféticas futuras mais surpreendentes que encontramos em qualquer lugar das Escrituras.
Ageu, Zacarias e o templo
Ageu e Zacarias ministraram no período de reconstrução de Judá. Eles encorajaram os cidadãos de Judá a reconstruírem o templo de Deus e a obedecer e adorá-lo.
Conclusão
Essas histórias de profetas foram escolhidas para demonstrar a ampla variedade de circunstâncias que envolveram os seus chamados, vidas e ministérios. Não poderíamos compreender a história de Israel sem aqueles que foram levantados como os Seus profetas. Eles nos ensinam fatos essenciais sobre Deus e sobre nós mesmos. Seus ensinamentos, embora antigos por origem, são eterna e essencialmente a Palavra de Deus para toda geração.