Palestra

O AT não é apenas importante, mas é muito mais do que isso – ele é essencial. Na verdade, quando Paulo disse a Timóteo que “Toda a Escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino, para a repreensão, para a correção, para a educação na justiça” (2 Tm 3.16 Almeida Revista e Atualizada (ARA)), ele estava se referindo, antes de tudo, ao AT.

Pedro escreveu: “[...] sabendo, primeiramente, isto: que nenhuma profecia da Escritura provém de particular elucidação; porque nunca jamais qualquer profecia foi dada por vontade humana; entretanto, homens [santos] falaram da parte de Deus, movidos pelo Espírito Santo” (2 Pe 1.20-21 ARA). Assim, quando estudamos diligentemente esses livros do AT, temos que fazer isso com reverência e adoração pelo seu Autor.

O AT é uma história sobre Deus

O AT afirma que Deus criou a você e a mim para um relacionamento consigo e que Ele nos ama e nos convida a amá-lo. Mas infelizmente, Ele também diz que Adão e Eva pecaram e quebraram esse relacionamento com Deus. O seu pecado não apenas os alienou de Deus, mas, como representantes da raça humana, eles também nos mergulharam a todos nesse estado decaído.

O seu legado continua até o Novo Testamento (NT), onde lemos: “Porque todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus” (Rm 3.23). Assim, a história do AT é sobre o plano de Deus de reconstruir o relacionamento do povo que Ele criou para amar e amá-lO consigo mesmo.

O AT é uma coleçãu de livros. Agora, quando usamos a palavra livro, é importante entender que nos referimos à Bíblia como um livro, mas se trata de um livro que é composto de outros livros, menores. No AT há trinta e nove livros, escritos por vários autores. Nesse curso de Princípios Básicos do AT, vamos nos referir a um livro da Bíblia e também vamos nos referir à Bíblia como um livro, porque, embora a Bíblia mesma seja um livro, ela é composta por uma culeçãu de livros menores.

Embora o AT trate de Deus, ele não explica ou defende a existência de Deus. Ele parte da existência de Deus como um pressuposto. Quando o AT foi escrito, havia deuses por toda parte. Os egípcios, os canaanitas, e os hebreus eram todos teístas. A diferença entre Israel e seus vizinhos não era que os judeus tinham um Deus e os outros não tinham. A diferença era que Israel tinha um Deus, enquanto os outros tinham muitos deuses. E os livros do AT apresentam cuidadosamente o quão único é o Deus de Israel. Considere o fato de que quando lemos o AT, lugona na quarta palaura encontramos o vocabulo “Deus.”

Gênesis 1.1 diz que “No princípio criou Deus.” Isso é presumido. E se não passarmos daquela quarta palavra, de fato teremos problemas com o resto da Bíblia, não apenas com o AT, mas também com o Novo Testamento (NT). Se Deus não fosse o que a Bíblia afirma que Ele seja, os milagres, por exemplo, seriam absurdos.

Então, a forma como pensamos sobre Deus é crucial e o AT nos ajuda a entender quem Ele é a sua maneira de ser – incluindo o Seu amor, a Sua graça, o Seu caráter e tantas coisas mais. Todos os escritores bíblicos tentam explicar o esforço que Deus empenhou no Seu amor e Sua graça para restaurar o relacionamento quebrado consigo e com o Seu povo alienado.

A maior parte das pessoas sabe algo sobre o AT

Existem pessoas e eventos no AT que são conhecidos a pessoas que nem mesmo leem a Bíblia. A maioria das pessoas ouviu falar de Adão e Eva, de Abraão e Davi e Golias. Elas ouviram sobre as pragas do Egito e sobre Moisés e o Mar Vermelho. É rara a pessoa que nunca ouviu falar dos Dez Mandamentos.

Nos hotéis, podemos encontrar e ler a Bíblia pôsto pela organisa ção dos Gideões. Falamos sobre a força de Sansão e sobre a sabedoria de Salomão. Pessoas que nunca estiveram numa igreja querem que o Salmo trinta e três seja lido no funeral dos seus entes queridos. Há tantas pessoas e histórias que caíram no uso comum das pessoas, que elas nem mesmo se dão conta de que estão no AT. Ou quando elas o fazem, não fazem ideia de quem os personagens foram realmente e onde se encaixam na história do AT. Nas próximas dez lições, vamos providenciar uma visão geral do AT, de modo que possamos ter uma visão panorâmica desses eventos e personagens. Quem era Sansão? Como ele se relacionava historicamente com Davi e Moisés? Quando foi que ele viveu? O que foi que ele fez? A que se referem os Dez Mandamentos? Por que é que eles foram escritos? A quem foi que eles foram dados? O que eles significam? Cada evento e indivíduo é importante em si mesmo, mas quando os vemos em seu contexto histórico apropriado, temos uma compreensão melhor de como e em que eles contribuíram.

O AT é uma história do perdão paciente de Deus. Ele apresenta os ensinamentos de Deus, a rebelião do Seu povo contra esse ensinamento e a disposição de Deus em perdoá-lo. Esse é o tema recorrente do início de Gênesis até o seu fim em Malaquias.

Jesus também é introduzido no AT. Ele é a resposta suprema para o problema da alienação entre Deus e os seres humanos que Ele criou. Há referências contínuas ao Servo Sofredor, ao Messias, ao Grande Sumo Sacerdote, que viria e nos livraria do mal e nos restauraria para um relacionamento apropriado com Deus.

Por que o AT é um livro não lido

O AT é carregado de verdades essenciais, mas infelizmente, para muitos de nós trata-se de um livro difícil entender. Todos aqueles sacerdotes, profetas, reis e povos nos confundem. Lemos os profetas (tais como Isaías ou Ezequiel) e não temos idéia de quando eles viveram, com quem falaram, e sobre o que falaram. E essa é a razão porque tão poucas pessoas leem o AT e assim, eles põem a perder uma enorme parcela do ensinamento de Deus.

Tente fazer essa experiência. Se você tem uma Bíblia, vá à primeira página do Gênesis e depois vá ao final do AT, ao final de Malaquias, e ponha o seu dedo lá. Depois vá ao início do NT em Mateus e ao final do NT, no livro do Apocalipse (antes de ir para os seus mapas e concordância). Repare agora na diferença. Do lado esquerdo está o AT, e do lado direito, o NT. Note a diferença de tamanho. O AT é aproximadamente três vezes mais maior do que o NT. Entretanto, a maior parte de nós está pelo menos três vezes mais familiarizada com o NT do que com o AT. Os nomes e costumes estranhos, as longas genealogias, e a geografia desconhecida são apenas algumas das razões porque as pessoas acham difícil ler o AT. Mais de um terço da Bíblia está inorado para muitas pessoas, porque elas simplesmente não entendem a sua lógica.

Uma parcela menor de pessoas conhece o AT

Então, o que queremos fazer nas próximas dez lições é ajudá-lo a entender como o AT funciona. Há trinta e nove livros no AT. Dezessete desses livros – os primeiros dezessete – são, na maior parte, narrativos. A história começa em Gênesis, com o relato dos primórdios de todas as coisas e termina com a história de Neemias, por volta do ano de 400 a.C. Embora a história de Ester tenha ocorrido quase 40 anos antes da história de Neemias, o livro de Ester está situado depois daquele de Neemias no nosso AT. O livro de Neemias, que representa o fim histórico do AT, se localiza mais ou menos no meio do AT. Embora a história de Neemias tenha ocorrido mais ou menos 900 anos depois da história de Davi, o seu livro se encontra no AT antes dos Salmos de Davi. Neemias viveu muitos anos depois de Isaías, mas a profecia de Isaías está localizada nos seis livros posteriores ao livro de Ester. Se você está tentando descobrir o quê, quem, quando, como e o porquê do AT, poderá ficar meio confuso.

É importante entender que os livros do AT não estão dispostos em ordem cronológica, mas pelos seus três tipos de literatura, ou pelo que chamamos de gêneros ou estilos de escrita. Os dezessete primeiros livros – de Gênesis a Ester – contam a história toda do começo ao fim. Depois de Ester há cinco livros sapienciais e poéticos: Jó, Salmos, Provérbios, Eclesiastes e Cântico dos Cânticos de Salomão são chamados de escritos de poesia e sabedoria de Israel. A terceira coleção de livros são os dezessete livros proféticos do AT. Assim, temos os livros narrativos que contam a história, temos livros poéticos e sapienciais do AT, e então, a última parte do AT, que contém os livros proféticos.

É assim que o AT está dividido, e vamos nos ater a cada uma dessas três partes mais de perto, na medida em que avançamos nas lições desse curso. O objetivo é obter um conhecimento básico da estrutura de funcionamento do AT e do que ele está nos dizendo.

Por que o AT é tão importante

A primeira questão que vamos explorar é como o AT se compõe. Em segundo lugar, iremos discutir por que seja importante ler, estudar e meditar sobre essa literatura antiga. Por que empenhar tempo e esforço para navegar pelo AT? Paulo o expressou da melhor forma: “Toda Escritura provém de Deus.” Não se trata da obra de homens brilhantes, embora os homens que Deus tenha usado para escrevê-lo fossem brilhantes. Trata-se da obra de Deus. Não se trata de sabedoria, embora inspirada por alguns sábios. O fato de Deus ter inspirado esses escritores, torna as suas mensagens tão proveitosas para nós. Paulo nos diz que as Escrituras são proveitosas para a “doutrina,” ou para uma forma de pensar sobre o mundo. Elas são úteis para nos mostrar quando estamos errados, quando estamos vivendo nossas vidas de formas que levam à tragédia. Elas são úteis para a “correção.” Elas não nos mostram apenas que estamos errados, elas nos mostram como fazer a coisa certa. E também são úteis para nos instruir na vida honrada. A literatura do AT é capaz de equipar aqueles que leem e vivem de acordo com ela a fazerem boas ações.

Reflita sobre isso por um instante. O AT inspirado por Deus nos ensina quais sejam os Seus padrões para uma vida honrada. Na medida em que o lemos, descobrimos que violamos tais padrões, e ficamos admoestados. Mas as Escrituras não param por aí. Elas também são úteis porque nos mostram como corrigir o que está errado. Deus está interessado em mais do que apenas ensinar como corrigir nossos erros ou pecados. Ele também nos instrui em como podemos positivamente desenvolver um bom comportamento. Suas Escrituras nos instruem na justiça, a fim de que possamos ser equipados para as boas obras.

Essa é uma afirmação surpreendente, não é? Seguir os ensinamentos de Deus nos conduz do estado de erro, à realização da coisa certa e depois nos capacita a viver vidas honradas para que possamos realizar a boa obra de Deus. Assim, esses livros do AT são uma preciosidade. Eles nos ensinam a viver uma vida superlativa. Eles nos capacitam a nos tornarmos colaboradores. Mas temos que lê-los. Temos que entendê-los. E temos que viver de acordo com eles. Esses livros do AT têm a mensagem divina de amor, graça e saúde para você e para mim.