Palestra

Introdoçáo

Na lição sete, analisamos seis das trinta cartas de Paulo e nessa lição vamos atentar para as outras sete.

I. Colossenses

Começamos a Lição 8 com a epístola de Paulo para a igreja de Colosso. Quando falamos de Romanos, dissemos que foi uma de duas cartas que Paulo escreveu a igrejas que ele não havia plantado. Colossenses é a outra. A igreja de Colosso havia sido plantada por um dos colaboradores de Paulo chamado Epafras, que recebeu um alto elogio de Paulo em Colossenses 1:7–8. Ele havia visitado Paulo recentemente em Roma com novas preocupantes sobre a igreja de Colosso. Porque Paulo estava sob prisão domiciliar em Roma e não podia ir para lá, ele escreveu essa carta para eles. A carta foi escrita por volta de 60 d.C. A saudação de Paulo “aos santos e fiéis irmãos em Cristo que se encontram em Colossos” (1:2) dá o tom à carta. Paulo não conhecia a maioria desses crentes, mas como seus irmãos e irmãs em Cristo, ele lhes assegura: “Damos sempre graças a Deus, Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, quando oramos por vós” (1:3 ARA). Como os romanos, esses cristãos colossenses receberiam a carta de Paulo com gratidão, sabendo que era de um irmão que eles respeitavam muito e que se importava profundamente com o seu bem-estar.

Os assuntos em Colosso não eram comportamentais, tais como aqueles com os quais a igreja de Corinto estava lidando. Aparentemente, alguns mestres heréticos lhes estavam apresentando ensinamentos falsos sobre Jesus, também subre práticas religiosas e festivais. Os crentes estavam sendo instruídos com falsidades em relação à adoração de anjos e conhecimento secreto alcançado por meio do raciocínio e filosofia humanos. Mas o ensinamento mais perigoso era ideias distorcidas sobre a natureza de Cristo. Por todo o livro, Paulo apresenta ensinamentos contundentes sobre Jesus e especialmente sobre a sua divindade.

O propósito dessa carta era de garantir aos leitores que a alegação de Jesus, de salvar-nos do pecado e nos dar vida abundante, era legítima. Para garantir aos seus leitores que a promessa de Jesus é válida, Paulo refutou brevemente os vários ensinamentos falsos. Mas essa ênfase principal era para apresentar um ensinamento preciso sobre Jesus Cristo como o Filho de Deus. Um exemplo do ensinamento de Paulo sobre Jesus está registrado em Colossenses 2:9–10 (NVI): “Pois em Cristo habita corporalmente toda a plenitude da Divindade, e, por estarem nele, que é o Cabeça de todo poder e autoridade, vocês receberam a plenitude.”

Como muitas cartas de Paulo, Colossenses pode ser esboçado em dois momentos. Primeiro, ele lançou uma base doutrinal sólida sobre a soberania de Jesus nos capítulos 1 e 2. Ele nos ensina a reconhecer a supremacia de Jesus como Filho de Deus. Depois, nos capítulos 3 e 4, ele nos exorta a nos submetermos à autoridade de Cristo. Já que Jesus é quem Ele alega ser, seria absurdo seguir qualquer outro mestre. Paulo introduziu o segundo momento em seu livro dessa forma: “Portanto, já que vocês ressuscitaram com Cristo, procurem as coisas que são do alto, onde Cristo está assentado à direita de Deus. Mantenham o pensamento nas coisas do alto, e não nas coisas terrenas” (3:1–2 NVI).

O livro de Colossenses contribui grandemente à doutrina da cristologia, e nós a usamos hoje tanto no ensino teológico, quanto para nos lembrar de quem é que nós adoramos, servimos e em quem confiamos para a nossa salvação eternal.

II. 1 Thessalonicenses

O próximo livro do NT é 1 Tessalonicenses. Paulo plantou a igreja em Tessalônica na sua segunda viagem missionária, logo depois de ter fugido para a cidade de Filipos, por causa da perseguição, que se instaurou pouco depois que ele havia chegado. Ele então parou ligeiramente em Bereia e Atenas e esteve em Corinto, quando ouviu de Timóteo sobre as lutas que os crentes em Tessalônica estavam enfrentando. Ele imediatamente escreveu essa carta; e seu propósito era de encorajar e instrui-los sobre como viver bem em circunstâncias difíceis. Eles estavam sofrendo perseguição severa e estavam sendo confundidos por ensinamentos falsos sobre o retorno de Jesus. A carta foi escrita em 50 d.C.

Da mesma forma que os crentes filipenses, Paulo e os cristãos tessalonicenses tinham um relacionamento espiritualmente íntimo. No breve período de tempo em que eles haviam se tornado cristãos, os tessalonicenses mostraram que a sua fé era profunda e que o seu amor por Cristo era apaixonado. Mas Paulo expressou o seu desejo de que eles continuassem a crescer: “Quanto ao mais, irmãos, já os instruímos acerca de como viver a fim de agradar a Deus e, de fato, assim vocês estão procedendo. Agora lhes pedimos e exortamos no Senhor Jesus que cresçam nisso cada vez mais.” (1Ts 4:1 NVI). Paulo exortou os cristãos a buscar o crescimento em sua vida cristã de forma contundente. A ideia central desse livro é que o único antídoto contra a queda para trás é avançar ativamente para frente.

Nos capítulos 1–3, Paulo reflete sobre o relacionamento caloroso que ele tinha com os tessalonicenses. Ele os elogia pelo seu crescimento e os encoraja a permanecerem fiéis a Cristo. Depois, nos capítulos 4–5, ele fornece instruções quanto à santidade, como fundamento para o seu crescimento futuro. Há referências espalhadas por toda a carta sobre o retorno de Jesus. Primeira Tessalonicenses contém um importante ensinamento sobre a ressurreição de Jesus e Segunda vinda. E quando Paulo descreve a si mesmo como uma mãe que amamenta e um pai provedor no capítulo 2, ele fornece um modelo excelente para os pastores de hoje.

III. 2 Thessalonicenses

Aproximadamente seis meses depois de escrever a primeira carta aos Tessalonicenses, Paulo escreveu outra. Sabendo que eles ainda estavam sendo perseguidos por sua fé, ele escreveu essa carta para encorajá-los em suas lutas e para ensiná-los sobre o Dia do Senhor. Poderíamos nos referir a 1 e 2 Tessalonicenses como a escatologia de Paulo, ou doutrina das últimas coisas, porque nessas cartas, mais do que em quaisquer outras, ele ensina sobre o retorno de Jesus. O propósito de Paulo era de motivar os seus leitores a viverem de forma triunfante em suas circunstâncias difíceis. Sua ideia central é que a fidelidade de Deus no passado deve nos encorajar quanto à sua fidelidade no futuro.

No capítulo 1, ele os cumprimenta pela forma positiva como eles estavam lidando com a oposição: “Irmãos, devemos sempre dar graças a Deus por vocês; e isso é justo, porque a fé que vocês têm cresce cada vez mais, e muito aumenta o amor de todos vocês uns pelos outros” (2 Ts 1:3 NVI). No capítulo 2, ele faz acréscimos às instruções que lhes havia dado em 1 Tessalonicenses sobre o retorno de Jesus. Então, ele foca a sua atenção, no capítulo 3, em encorajá-los para viver a vida cristã como ele os havia instruído. Assim, Paulo transformou o sofrimento dos tessalonicenses em um ímpeto de crescimento e os cumprimentou, porque, em meio a tempos difíceis, eles estavam glorificando a Deus e amando uns aos outros.

Segunda Tessalonicenses, da mesma forma como a primeira carta de Paulo aos Tessalonicenses, contém informações essenciais sobre o Dia do Senhor, quando Cristo irá voltar. Ela motiva cristãos de todas as idades a nunca perder de vista a nossa esperança.

IV. 1 Timóteo

As três próximas cartas são conhecidas como as Epístolas Pastorais, porque foram escritas para encorajar e instruir os pastores Timóteo e Tito. Paulo havia sido libertado da prisão em 62 d.C. e foi para uma quarta viagem missionária. Ele estava na Macedônia, quando escreveu a sua primeira carta para Timóteo em 64 d.C. e exortou-o a permanecer em Éfeso como pastor da igreja de lá. A sua ideia central era que líderes piedosos tinham que viver vidas piedosas. Ele diz a Timóteo: “Escrevo-lhe estas coisas, embora espere ir vê-lo em breve; mas, se eu demorar, saiba como as pessoas devem comportar-se na casa de Deus” (1Tm 3:14-15). A carta é uma mistura de instruções sobre a igreja, e assuntos pessoais. Seu propósito era de motivar e instruir Timóteo em seu ministério. Duas temáticas a que Paulo dedicou especial atenção foram os falsos mestres e questões de liderança.

Essa carta não se presta facilmente para ser esboçada, porque Paulo se move de tópico para tópico, e depois retoma os assuntos que tratou anteriormente. Ele também mistura a sua discussão de aspectos de vocação do ministério pastoral por todo o livro. Ele começa, alertando Timóteo para lidar com os falsos mestres no capítulo1. Os capítulos 2 e 3 contém instruções sobre liderança e administração eclesial. Depois, no capítulo 4, Paulo volta ao tópico de como lidar com falsos mestres. Nos capítulos 5 e 6, ele trata de uma série de questões como administasáo ecesial e do compota mento cristão.

As duas cartas de Paulo a Timóteo são suas cartas mais pessoais. Ele se remete a Timóteo como sendo “meu verdadeiro filho na fé” (1Tm 1:2). Ele havia levado Timóteo para Cristo e, na sua segunda viagem missionária, convidou o mesmo a integrar a equipe de plantação de igreja. Isso deu início a um relacionamento pessoal e de colaboração ministerial, que durou o resto da vida de Paulo. Timóteo foi um dos associados de maior confiança de Paulo, bem como um amigo amado. Ele é mencionado como colaborador em seis das epístolas de Paulo. Primeira Timóteo nos fornece uma ideia valiosa do ministério e liderança da igreja e ainda é usada hoje como uma fonte para pastores.

V. 2 Timóteo

Segunda Timóteo foi escrita alguns anos depois de 1 Timóteo, em 66/67 d.C. Paulo havia voltado para a prisão e sabia que seu tempo era limitado. Segunda Timóteo foi o desafio final de Paulo ao seu amado “filho na fé.” A carta tinha dois propósitos principais. Primeiro, Paulo pedia a Timóteo para se encontrar com ele em Roma. Como a época de sua partida estava se aproximando, ele desejava rever o seu jovem discípulo. Segundo, ele encorajou Timóteo a ser forte em seu ministério. Em 1:7, ele lhe disse: “Porque Deus não nos tem dado espírito de covardia, mas de poder, de amor e de moderação” (ARA). E ele encorajava Timóteo a não se envergonhar “do testemunho de nosso Senhor, nem do seu encarcerado, que sou eu; pelo contrário, participa comigo dos sofrimentos, a favor do evangelho, segundo o poder de Deus” (v.8). Em 2:1, ele escreve: “Tu, pois, filho meu, fortifica-te na graça que está em Cristo Jesus” (ARA). Em 2:15, ele escreve: “Procura apresentar-te a Deus aprovado, como obreiro que não tem de que se envergonhar, que maneja bem a palavra da verdade.” Em sua primeira carta, ele diz a Timóteo para que “Ninguém despreze a tua mocidade” (1Tm 4:12). Com uma crescente oposição à igreja e à presença de mestres hereges, Paulo estava preocupado com a coragem e bem estar de seu jovem discípulo.

Paulo lembra Timóteo que a sua autoridade e confiança repousam sobre a sua fidelidade para com a Palavra de Deus. A chave para a coragem no ministério é acreditar que “Toda a Escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino, para a repreensão, para a correção, para a educação na justiça, a fim de que o homem de Deus seja perfeito e perfeitamente habilitado para toda boa obra” (2Tm 3:16-17 ARA). Eis porque Paulo escreve: “Conjuro-te, perante Deus e Cristo Jesus, [...] prega a palavra!” (4:1-2).

A ideia central de Paulo e 2 Timóteo é que devemos ser fortes e fiéis no ministério que Deus nos deu. O exemplo pessoal de Paulo, de força e fidelidade, encorajou Timóteo e milhões de leitores ao longo dos séculos, a ficarem fortes.

A carta começa com assuntos pessoais, já que Paulo expressou a sua preocupação com o bem-estar de Timóteo. No capítulo 2, ele instrui Timóteo sobre o seu comportamento pessoal como líder de ministério. Ele alerta Timóteo que um período difícil viria pela frente nos últimos tempos e o exorta a permanecer firme e fiel à Palavra de Deus. Ele termina a carta nos capítulos 3–4, com seus desafios finais a Timóteo.

Segunda Timóteo é uma palavra oportuna para aqueles que ministram a pessoas. Paulo nos faz lembrar de que nossa autoridade não repousa sobre a nossa própria sabedoria. Podemos falar de forma mais contundente e confiante, quando baseamos nosso conselho na Palavra inspirada por Deus.

VI. Tito

A terceira epístola pastoral foi escrita para outro discípulo de Paulo, chamado Tito, em 64 d.C. Paulo escreveu para o instruir sobre como ministrar a uma situação de igreja especialmente difícil. Já que Paulo se referiu a várias cidades na ilha de Creta, parece que ele tinha a supervisão de um conjunto de igrejas ali. Paulo e Tito haviam plantado aquelas igrejas em algum momento depois que Paulo foi posto em liberdade da prisão, e Paulo havia deixado Tito ali para “para que pusesses em ordem as coisas restantes, bem como, em cada cidade, constituísses presbíteros” (Tt 1:5 ARA).

A ideia central dessa carta a Tito é de ser fiel a Deus e Sua Palavra, conduzindo um ministério piedoso. O propósito de Paulo era de instruir e apoiar a obra de Tito. O livro começa com instruções a Tito sobre a ordenação de presbíteros da igreja (1:5-9) e sobre lidar com mestres falsos (1:20-16). No capítulo 2, ele instrui Tito quanto ao ministério a vários grupos na igreja. O capítulo 3 contém lembretes sobre a importância da vida piedosa e fornece instrução sobre como viver uma vida assim.

Paulo havia levado Tito a Cristo e se referido a ele como “verdadeiro filho, segundo a fé comum” (Tt 1:4). Tito não é mencionado em Atos, mas seu nome aparece treze vezes em outros escritos do NT. Ele aparentemente trabalhava com Paulo em Éfeso, ao longo da terceira viagem missionária de Paulo. Tito havia sido destacado por Paulo em Creta para pôr as coisas em ordem. Ele alerta Tito de que o seu ministério em Creta era difícil, porque “há muitos insubordinados, que não passam de faladores e enganadores, especialmente os do grupo da circuncisão. [...] Um dos seus próprios profetas chegou a dizer: ‘Cretenses, sempre mentirosos, feras malignas, glutões preguiçosos.’ Tal testemunho é verdadeiro. Portanto, repreenda-os severamente” (1:10-13 NVI).

O livro de Tito fornece informações valiosas sobre liderança e administração eclesial, especialmente em circunstâncias difíceis. Tito nos faz lembrar que as dificuldades do ministério demandam as mais altas qualificações piedosas daqueles que estão na liderança.

Essas três cartas para jovens pastores reforçam o fato de que a qualificação fundamental para a liderança efetiva no ministério é a qualidade da vida do próprio líder. Antes de pensar sobre como liderar outros, os líderes devem examinar o quanto estão dispostos a serem seguidores devotos do nosso Senhor.

VII. Filemom

Filemom é a última das epístolas de Paulo. Ela é, junto com Efésios, Filipenses e Colossenses, uma das epístolas da prisão. Filemom viveu em Colosso e era um proprietário de escravos. Um dos seus escravos, um homem chamado Onésimo, havia roubado bens de Filemom e escapado para Roma. Ele havia se encontrado com Paulo por lá e se tornado um cristão. Embora a morte fosse a penalidade para escravos foragidos, Onésimo estava disposto a voltar para Filemom em obediência ao seu dever cristão. Pelo cuidado providencial de Deus, Filemom era um cristão e era um dos amigos de Paulo. Este escreveu essa carta para Filemom, a fim de persuadi-lo a aceitar Onésimo, “não mais como escravo, mas, acima de escravo, como irmão amado. Para mim ele é um irmão muito amado, e ainda mais para você, tanto como pessoa quanto como cristão” (Fm 1:16 NVI).

Paulo nem apoiava, nem condenava a escravatura. Era um fato legal da sociedade romana e não era o foco da preocupação de Paulo aqui. Seu foco era tratar da atitude de Filemom em relação a Onésimo. Nos versículos 10-11, Paulo escreveu: “apelo em favor de meu filho Onésimo, que gerei enquanto estava preso. Ele antes lhe era inútil, mas agora é útil, tanto para você quanto para mim.” A ideia central de Paulo é que, em Cristo, somos todos iguais. A carta tem três momentos. Paulo agradecendo a Deus pela amizade que tinha com Filemom (1:1-7). Em seguida, ele pede que Filemom perdoe Onésimo e o aceite—não apenas como escravo, mas também como irmão em Cristo (1:8-16). Finalmente, Paulo assegura a Filemom que, se ele não fosse perdoar a dívida pelo dinheiro que ele havia roubado, Paulo mesmo iria pagar pelo mesmo (1:17-25).

Filemom ilustra o impacto que o cristianismo estava tendo sobre a cultura daquela época. Sugerir que um dono de escravos perdoasse um escravo fugitivo e o tratasse como um irmão revela a transformação milagrosa que Deus estava produzindo na vida das pessoas através do evangelho. Hoje essa carta representa um poderoso lembrete de que discriminação e hierarquia não têm espaço na igreja de Deus.